sábado, 19 de novembro de 2011

O "BOM CRIOULO" Adolfo Caminha

Considerado uns dos mais perfeitos exemplos do Naturalismo nas Letras brasileiras, o Bom Crioulo em tudo defende a tese determinista, segunda a qual o homem deve ser retratado dentro de um ambiente pernicioso e pobre, decorrente daí seu caráter enfraquecido e perverso, sua falta de travas morais, sua perversão, principalmente sexual, causadora de sequelas irreversíveis como a bestialização, a insanidade mental, a histeria e a degradação.
Nesse romance, pela primeira vez na Literatura Brasileira, é tratado o tema do homossexualismo, tendo como foco a vida dos marinheiros, retratada, às vezes, com requintes descritivos, e, o sexo, faz-se de forma carnal, não havendo sublimação, o que é tipo do Naturalismo, escola que apresenta o homem animalizado, prisioneiro dos próprios instintos. Narrado em terceira pessoa, esse romance, datado de 1895, tem como protagonista o jovem Amaro, negro escravo, homem forte e de boa índole, mas de espírito fraco que foge da escravidão e se embrenha na marinha. Ambientado preferencialmente no mar, o romance de Adolfo Caminha é a síntese da perversão sexual, descrita de modo ousado e chocante com a arte e a técnica de um artista que soube captar com fidelidade os aspectos cruéis de uma fria realidade, figurando os primeiros capítulos como premissas da conclusão que deflagra no episódio final. O ciúme interfere nesse singular triângulo amoroso, fazendo Amaro agir irracionalmente, como um animal diante do instinto selvagem, destruindo a sua única razão de ser e de viver. No entanto a disciplina em que está submetido é outra prisão, que só vai ser percebida quando o protagonista conhece Aleixo, adolescente que trabalha como grumete na mesma corveta em que está Amaro. Tradicionalmente um triângulo amoroso é composto por dois homens em luta por uma mulher, ou duas mulheres que disputam o mesmo homem. Em Bom Crioulo, Amaro e Aleixo são marinheiros e, acima de tudo, como tal se comportam, favorecendo a anulação das diferenças étnicas, que se dá não pela ascensão do negro fugido, mas pelo rebaixamento de ambos à condição de prisioneiros do mesmo sistema e do vício. Por fim, o terceiro elemento do triângulo é uma mulher que atua como homem, pois conquista Aleixo em vez de ser conquistada. o Triângulo altera substancialmente a função dos participantes, mas respeitando as leis de verossimilhança. Ou seja, o insólito reside na novidade do triângulo e não em sua falta de veracidade: mais uma vez, Adolfo Caminha colhe ao vivo, de sua experiência de oficial da marinha, o material do romance.

Apresentação: Fernando Caiel e Professora Maria Alice
Adaptação, roteiro e direção: Fernando Caiel
Figurino e cenografia: Ana De Bem
Sugestões e marcação: Micael Melo
Sonoplastia: Lilian da Silva
Supervisão geral: Professora Maria Alice Braga
APRESENTANDO: Micael Melo: AMARO
Maria Cristina: ALEIXO
Ana De Bem: D. CAROLINA
Lilian da Silva: em quatro personagens secundários

APRESENTAÇÃO FEITA NA EXPOULBRA 2011 - 09/11/11
Fomos convidados pela direção do curso de Letras para reapresentar a peça "BOM CRIOULO": realizada na SEMANA ACADÊMICA DE LETRAS dia 19/10/11. Veritas Vos Liberabit!!!

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