quarta-feira, 7 de abril de 2010

código de barras

Quem lê a frase do meu perfil criada por mim e, depois, logo mais abaixo, os dizeres sábios de Michael de Montaigne vai dizer que há contradição naquilo que penso e escrevo. De fato, à primeira vista leva a crer que sim, mas uma análise mais detalhada e contemporânea - o escrito de Montaigne é do séc. XVI - fará com que se chegue ao “X” da questão. O homem busca interminantemente definir DEUS, assim como a ciência, há décadas, vinha tentando definir o nosso código genético. A diferença é que ela conseguiu, o homem não. Não há como definir em meio à poluição humana um ser supremo. Ele existe e ponto. As religiões modernas não passam de imitação, um registro histórico assimilado do esforço humano para compreender o divino. Partindo desse princípio, pouco se avançou em saber quem somos - sabemos muito bem como somos - e pairamos numa pobreza cósmica: pobreza em todos os seus sentidos, espiritual, afetiva, de caráter.
O século 21 não mais permite falhas, muito menos termos dubitativos. O homem perdeu a essência do Ser humano em prol do ser humano, humano este que para sobreviver tem que se sujeitar às leis terrenas. Logo, será implantado em massa um código de barras substituindo o então CPF, RG, CARTÃO DE CRÉDITO de cada um. Não mais passaremos a ser e sim a ter: ter um código específico para determinar quem somos – não o Ser criado, mas o ser da criação -, e, recriados por um sistema econômico e religioso associados, passaremos a depender unicamente deles.
Perderemos nossa identidade, nosso codificador humano e passaremos a ser um exército de um homem só. Isso tudo se dará aos poucos, da mesma forma que a globalização nos trouxe a era digital, ele nos trará uma nova identificação, e, quando menos esperarmos, vão nos chamar de IIIIII IIIII II II III II IIII IIII IIIII IIIII IIIII I. Trata-se, porém, de um valor numérico a ser entendido dentro de um universo maior.
Então virá o fim...
(De um Fernando escatológico)

"Quanto mais depressa os homens se convencerem de que não há certeza de nada, mais oportunidades terão de escapar à tirania que nasce da superstição e do fanatismo."
Michael de Montaigne



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